Contei em um post no LinkedIn sobre como minha chegada à Diretoria de Novos Negócios do Grupo Boticário tem me permitido conectar dois caminhos que andavam em paralelo. Um deles é o meu papel como executivo nas áreas de Planejamento Estratégico e Finanças, o outro é a minha atuação como mentor de startups.
Mas essa conexão vai bem além da realização de objetivos que escolhi para minha carreira. É também a oportunidade de trocar experiências entre os dois perfis de negócio, contribuindo para que as estratégias possam ser mais efetivas com base nos aprendizados, extraindo o melhor dos dois mundos e promovendo a sinergia entre eles.
Neste artigo, compartilho o que entendo como principais pontos que um mercado pode buscar no outro como benchmarking.
Para oferecer uma experiência memorável aos diferentes stakeholders, é essencial conhecê-los (não tem nenhuma novidade aqui).
Porém, enquanto ainda estão escalando suas operações, as startups ainda têm dificuldades em compreender com profundidade como seus públicos se comportam e o que desejam, principalmente para “furar a bolha” dos primeiros clientes.
E se tem uma coisa que o varejo possui como grande ativo é a força da conexão com seus públicos; seja pelo relacionamento no ponto de venda físico, seja por toda a jornada de compra nos canais digitais. Olhar para essas experiências atentamente sem dúvidas pode contribuir para entender mais sobre como relacionamentos sólidos são construídos.
É normal que startups comecem a atuar com metas pouco específicas, ao mesmo tempo que bastante ousadas. Além disso, nas fases iniciais, a pressão pela lucratividade é planejada para o longo, não curto prazo.
Por outro lado, o varejo é um setor em que as metas claras e de curto prazo contam muito e causam um grande impacto na cadeia quando não atingidas.
Ao meu ver, aí está o grande aprendizado para o ecossistema de startups: tornar as metas mais palpáveis e trazer mais objetivos para o curto prazo, sem perder de vista o grande objetivo para o futuro.
Startups demandam muita mão na massa dos seus fundadores e é natural que, na medida em que os negócios escalam, venha a dificuldade em delegar as responsabilidades para profissionais especializados (do estagiário ao C-level).
Já no varejo, especialmente nas grandes companhias, como é o caso do Grupo Boticário, não delegar significa estagnar uma grande cadeia de ações, com impacto para toda a operação.
O quanto renderia uma roda de conversa entre líderes desses dois perfis?
Não dá para negar que em seus primeiros passos as startups operam em cenários de incertezas, especialmente aquelas que fazem altas apostas em mercados pouco explorados.
Com isso, vem a prática de testar, testar e testar; sabendo que o risco de falhar faz parte desse processo. No varejo, com margens apertadas, não é possível experimentar com tanta ousadia. Ou, então, o erro pode comprometer fortemente o orçamento.
Porém, é preciso saber que a experimentação não precisa ser apenas relacionada a grandes ideias e ações disruptivas – pequenas mudanças no dia a dia do varejo podem trazer resultados muito bons (como testar um novo canal de venda, um novo meio de pagamento ou uma nova disposição dos produtos no PDV, por exemplo).
Inserir essa cultura de experimentar continuamente e analisar o impacto com base em dados é uma excelente estratégia para o crescimento.
Por fim, não dá para deixar de falar em inovação como uma parte tão intrínseca ao negócio das startups, o que faz com que ela aconteça de forma mais espontânea do que nas organizações tradicionais.
Sim, o varejo também é extremamente inovador. Como não seria para acompanhar todas as evoluções da sociedade? Mas, por vezes, o setor perde velocidade na hora de responder às mudanças e aproveitar oportunidades.
Falando sobre esses 5 tópicos, corremos o risco de entender que ecossistema de startups e varejo seguem caminhos muito diferentes em sua gestão. Não é bem assim e, inclusive, existe um modelo de empresa que conecta cada vez mais os dois.
As RetailTechs, startups que desenvolvem soluções inovadoras e escaláveis para o varejo, receberam volume de investimentos recorde em 2021, sendo 3x maior do que o ano anterior (Distrito Dataminer). São mais de 700 negócios do tipo no Brasil, voltados para Pagamentos, E-commerce, Operações, IoT, Logística, Inteligência Artificial, entre outras funções.
Com as RetailTechs, há outro aprendizado interessante para o varejo: o de incubar esse perfil de empresa, trazendo o mindset e as soluções das startups para dentro de casa e as apoiando com governança e estrutura para o crescimento.
Aliás, é justamente nessa intersecção que atuo agora em Novos Negócios, liderando os times de Mooz, GAVB e Casa Magalhães aqui no Grupo Boticário. Além disso, o Grupo também acelera RetailTechs e outras startups por meio do GB Ventures, contribuindo com o ecossistema de inovação, ao mesmo tempo em que se aproxima dele.
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